terça-feira, 29 de julho de 2008

Coisas de revistas femininas!

Sempre gostei de quando em vez, dar-me ao "luxo" de tomar o pequeno-almoço fora de casa, de preferência numa esplanada acolhedora, seja Inverno, seja Verão. Esta é uma das formas que utilizo para aquietar a mente quando atacada por eventuais pesadelos nocturnos ou para pôr em ordem e instalar ideias e projectos para o dia.
Hoje, resolvi presentear-me bem cedinho com um desses pequenos almoços, acompanhada por uma daquelas revistas femininas que nos "oferecem" umas toalhitas de praia, uns saquitos, uns chinelitos, etc, etc. Para a leveza de espírito que pretendia criar, nada melhor - não fosse o livro que estou a ler, de conteúdo pesado, e não precisaria de o ter substituído pela dita, que me alienou a adquirir uma toalha de praia de marca - dizem eles.
Instalada, acomodada e tranquila, avancei com o pedido do manjar.
Passada uma página e outra e outra e, ainda, mais outra, todas elas repletas de publicidade, lá surgia algo para ler. Um artigo fornecia às carissímas leitoras em férias, uns conselhos a porem em prática, uma vez que "estão livres de obrigações e horários" - LIVRES DE OBRIGAÇÕES E HORÁRIOS? Será que o artigo é dirigido UNICAMENTE às leitoras, e felizmente para elas, que têm possibilidades monetárias de pagar a amas que lhes tratem dos filhos, a empregadas que lhes limpem a casa, a cozinheiras que lhes confeccionem as refeições, enquanto usufruem dos dias de férias? Também é verdade este artigo não vai ser lido por muitas e muitas mulheres, as tais que fazem parte da categoria que não tem tempo, que não tem dinheiro, ou que não aprendeu a ler. Se calhar a autora do artigo teve a "perspicácia" de levar estes injustos e reais factores em linha de conta. Teria?
A seguir, num vasto leque de dicas, é sugerido às mulheres em férias que para um melhor usufruto das mesmas devem desligar os telemóveis. Será que alguém acredita mesmo que, arreigados e condicionados como estamos a este acessório no nosso quotidiano, temos livre arbítrio para tal?
Enquanto trincava a torrada barrada só de um lado com pouca manteiga e bebericava o abatanado sem pitada de acúcar, cheguei à última sugestão que defendia a liberdade que todas as mulheres devem ter, pelo menos em férias, para comerem um gelado "daqueles enormes cheios de chocalate e de natas", sempre que lhes apetecer. A insatisfação sentida pelo amargo do café contribuíu para que sorrisse e concordasse totalmente com a mensagem final:" não vem nenhum mal ao mundo se durante uns dias esquecer a dieta e cometer alguns pecados calóricos".
Não fossem as muitas páginas de publicidade que se seguiram até ao final da revista, com voluptuosas mulheres, de olhares convictos, vendendo as frases que alguém lhes "meteu na boca":...emagrecimento psico-emocional;...reduza a celulite;...ainda vai a tempo de modelar o seu corpo;...sabe bem ver a minha silhueta;...emagrecimento fantástico - e o meu sorriso não teria virado lânguido.

FÉRIAS FELIZES!

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