sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Feliz 2009!

Olá MUNDO!
Aqui estou eu para desejar que intensifiquemos o nosso espírito solidário ao longo de 2009.
Desta forma, sentir-nos-emos mais felizes. E se, como sabemos, a felicidade é uma mais valia para a saúde e bem-estar, TODOS sairemos a ganhar. Então vamos a isso, porque NÓS merecemos! ok?

domingo, 21 de dezembro de 2008

Carta de uma prenda para o sapatinho

Desde o primeiro momento em que reparaste em mim e sorriste, falando alto a ternura que transportas no teu SER, que o meu coraçãozinho desesperado de tanto aguardar alguma alma carinhosa que me tirasse dali, começou a bater, a bater, a bater…
“Tão querido, tão querido! Os olhinhos, mãe! Os olhinhos tão queridos!” Foram as tuas palavras misturadas com teus sorrisos cúmplices dos risos leves da tua mãe.
Depois, olhaste em frente e no mesmo segundo, com uma inocência de criança muito pequena espelhada no rosto, fixaste-me novamente, pegaste em mim e, desta vez, com um sorriso ainda maior, indiferente aos olhares atentos das adolescentes que aguardavam atrás de ti na fila da caixa registadora, olhaste-me nos olhos repetindo aquelas mesmas palavras “Tão querido, tão querido! Os olhinhos, mãe! Os olhinhos tão queridos!”
Quando voltaste a colocar-me na prateleira e desapareceste, após a tua mãe te ter segredado ao ouvido, senti-me alagar em tristeza. Ia voltar a ficar só. Não é que não estivesse já habituado e resignado com essa condição, mas aquela tua sincera e espontânea manifestação de carinho e atenção, como num acto de magia, fez nascer em mim algo que até então não conhecia. O meu coraçãozinho tinha começado a bater, a bater, a bater…
E, mais bateu, mais bateu, mais bateu quando senti que alguém, meigamente, com um riso malandro e satisfeito de boca a boca, me transportava na direcção de uma outra mão que segurava um saquinho de papel translúcido e de textura muito macia. Depois de um farfalhudo laçarote colado mesmo na direcção do meu narizito, fui arrumado com muito jeitinho num canto do saco que lhe pendia do ombro.
Sem que pudesses imaginar, assim de repente, lá andava eu a acompanhar-vos na azáfama do entra e sai, do pára e arranca daquela inesquecível tarde de um sábado natalício. Claro que a marota da tua mãe não me poderia ouvir, e eu sabia disso, mas mesmo assim, lá do fundo do saco, transbordante de uma euforia grande demais para caber no meu tamanho, gritava na minha linguagem de peluchezinho fofinho, de olhos cor-de-rosa muito grandes “Obrigado! Obrigado! Obrigado!” Um é para ti porque me fizeste nascer, outro é para a tua mãe que me permitiu a aventura de poder crescer a teu lado e outro é para mim por ousar acreditar no futuro.
Obrigado! Palavra nova, esta, no meu léxico. Não me lembro de me ter sido ensinada, nem tão pouco de a ter aprendido. Penso que surgiu, saída do coração a bater, a bater, a bater… pelo AMOR.
Guigui, minha querida princesa, que o teu sorriso, pela vida fora, continue a deixar transparecer a infância feliz que reside em ti!
O meu coração bate, bate, bate… expectante pela hora do nosso reencontro!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008


VOTOS DE UM "FLORIDO" NATAL PARA TODOS!


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Solidariedade ditada por "gente pequena"

No inicio do ano lectivo, com os meus alunos da turma do 5º ano de escolaridade, iniciámos uma caminhada conjunta reflectindo sobre valores de cidadania democrática. A aula dedicada à noção de Solidariedade viria a culminar, contrariando o previsto na planificação da mesma, com “palavras grandes” escritas a giz branco no quadro negro, ditadas por “gente pequena”.

A Solidariedade é o começo
É um princípio para ser boa pessoa
É a esperança de uma grande amizade
É ser amigo de alguém, é praticar o bem
É fazer sorrir para se ficar melhor
É ser honesto e bondoso
É aconselhar e acarinhar
É a arte de saber amar
É um acto de ajuda e defesa do outro
É ajudar alguém com dificuldades
É dar sem esperar receber
É ajudar para o mundo melhorar
É dar com prazer e desinteressadamente
É a magia de criar um mundo melhor


Com o Natal à porta, felizmente, o espírito humano torna-se mais solidário. Por isso, nunca será demais repetir, mesmo sendo lugar-comum, que o Natal deve ser todos os dias.

(Valha-nos, a mim e aos alunos, não se tratar de uma aula assistida. Provavelmente, teríamos visto ir por água abaixo a nosso poder de improviso e amarrado as asas da nossa criatividade, para “felizes e contentes” cumprirmos com o que meticulosamente tinha sido preparado para que tudo “desse certo”. Desculpem o desabafo, mas é mais forte que eu. )

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Prós e Contras foi pró-Governo e contra-professores!

Acabei de ler num apontamento do Correio da Manhã que “ nos bastidores do Prós e Contras Fátima Campos Ferreira tentou conciliar Jorge Pedreira e Mário Nogueira. Pegou em cada um pelo braço e colocou-os frente a frente, a um palmo de distância”.
Parece que a senhora convencida dos seus dotes casamenteiros lhes teria dito: “Vocês têm de se entender”.
Eu chamaria a isto um acto de leviandade. Assim de repente, ocorreu-me a eventual possibilidade, de FCT ter confundido a matéria em debate com assuntos da categoria dos habitualmente tratados nos reality shows. Do tipo, zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades e tudo se resolve com uma lagrimazinha no olho, mais um abraço e uma pancadinha no ombro, culminando com a típica entrega de um ramo de flores.
Não bastava já a irritação que me causou, ter esta “moderadora” finalizado o programa manifestando esperança de não ter de voltar a realizar um outro Prós e Contras sobre o tema da Avaliação, como se à sua conta tivéssemos conseguido sair de um impasse.
É verdade que não tem de se ser imparcial à força, é verdade que é difícil, com certeza, aparentar uma imparcialidade fictícia, mas por uma questão de ética, digo eu, uma profissional em exercício da sua função não pode e não deve manifestar-se tão notoriamente tendenciosa.
Será que os seus “responsáveis”lhe exigiram que tinha de ser assim daquela maneira, isto é, vai lá manipular mais uma vez a opinião pública fazendo a apologia de que esta “guerra” é um caprichozinho dos professores que não querem ser avaliados.
É preciso ter lata para um ânimo leve daqueles!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Então Senhora Ministra?

Vai uma apostinha em como pelo menos 120000 professores ficaram “irritados” com o “palavreado” da Ministra?
Para descomprimir experimentem lá cantar estas quadras e desfrutem do seu efeito relaxante.

Ai que lindo chapéu negro
Que a ministra nos deixou
Agora é que ela vai ver
A nega que eu lhe dou

É verdade, é verdade
É verdade, sim senhor
Agora a "educação"
Já não é o meu amor

Então? Assim de repente, até que sentimos uma melhoria das condições emocionais. No entanto, não se iludam, é apenas uma sensação momentânea.
No essencial a nossa indignação não chega a ser beliscada.
O procedimento que nos conduzirá a uma garantia da qualidade emocional não passa simplesmente por algo tão simplificado.
Avancemos com alterações mais profundas, TODAS AS QUE ESTÃO AGENDADAS PELOS SINDICATOS E MOVIMENTOS INDEPENDENTES!
E entretanto, vamos fazendo ecoar por aí os versos acima referidos, da autoria das colegas da Escola Secundária IBN MUCANA, assim como elas o fizeram nas manifestações de 8 e de 15 de Novembro. GOSTEI DE VOS CONHECER!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Independentemente da natureza das faltas???!!!

É lugar-comum dizer-se que a Língua Portuguesa é traiçoeira. E, de facto temos exemplos dos mais variados que o comprovam, desde os que nos causam risos e sorrisos aos que nos deixam boquiabertos e curiosos.

Mas, exemplos que me deixassem indignada, espantada, virada, desacreditada, desvairada…
Então não querem lá ver, que a expressão "independentemente da natureza das faltas" passou a ter como significado "fazer distinção entre faltas justificadas e injustificadas"???!!!
E, tal decisão teve a honra de ser comunicada ao país por Despacho.

Depois, ainda há quem diga que são os professores que não querem ser avaliados!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

INCENTIVO PARA A CORAGEM

O poder das palavras do Poeta é sobejamente conhecido e reconhecido.

O seu efeito de magia e feitiço em nós decorre da nossa ânsia, da nossa avidez, da nossa abertura e permissividade para com elas.

Ao condescendermos que nos entranhem na alma, fluindo em nós, apoderam-se-nos do corpo.

Como gotículas de suor deslizando em nossa pele, num fenómeno de arte mágica, evaporam-se docemente aos poucos, para as voltarmos a respirar com outros numa partilha conjunta.

Das palavras, contidas no poema LETRA PARA UM HINO do poeta Manuel Alegre, tenho feito ao longo de muitos anos um lema.

Tantas vezes, as tenho lido e relido, cantado e declamado! Hoje, quero “gritá-las” bem alto para todos vós, colegas professores e educadores do meu país.

Certa, de que nos darão uma coragem redobrada para continuarmos a investir na nossa luta, sem medo.

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo.
É possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.

domingo, 9 de novembro de 2008

Lutemos com todas as nossas forças!

A presença de 120 mil profissionais da classe docente naquela gigantesca e imemorável manifestação de protestos contra o modelo de Avaliação de Desempenho, que teimam em impingir-nos, é um facto real e indesmentível.

Aquilo que, a mim, me parece “surreal” - oxalá fosse ficção - é o desprezo, pelas convicções dos 120 mil professores e educadores, traduzido nas palavras da Ministra da Educação, ao dirigir-se ao país num mais “inoportuno” momento.

Para que não nos deixemos intimidar, aqui ficam algumas palavras de Mário Nogueira:

… Aos Professores, a todos os Professores das escolas que ainda não suspenderam, apelo, também em nome da Plataforma: vamos parar a avaliação nas escolas! Não tenham medo, Colegas, e suspendam esta avaliação de desempenho ou será ela a suspender-nos a todos nós. E de uma coisa poderão os professores e as escolas estar certos: neste processo de suspensão contarão sempre, e tendo o infinito como horizonte, com o apoio inequívoco dos Sindicatos de Professores! Sejamos coerentes e corajosos: paremos este autêntico disparate. Se os professores o fizerem, o Governo não terá alternativa à suspensão!

A nossa luta não pode parar!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Véspera de 8 de Novembro!

Amanhã marchar, marchar!
Do Alentejo levo o calor da força,
para no mar de gente navegar.
No rosto maquilhado de esperança,
sorrisos para partilhar!
Com os olhos rasados de água,
levo amor a transbordar!
Até amanhã!
Até amanhã, colegas!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Muitos, muitos, muitos, unidos numa só voz, vão todos lá estar
Munidos de coragem para lutar e muita força para avançar
Eles são muitos, muitos, muitos, cada vez mais, muitos
Não se deixam domar e apostam em acreditar
Atrevem-se a falar, a protestar, a gritar
Aos poucos vão deixando para trás
Os que conjugam o verbo mentir
Os que teimam em desistir
Os que insistem em fugir
Os que vivem a fingir
Ainda são alguns
Mas poucos
Aqueles
Incapazes
De assumir
De enfrentar
De olhar fixamente
Lavando paulatinamente
As mãos nas mãos de Pôncio Pilatos


Graças ao movimento de resistência interno nas escolas, ao acordo entre sindicatos e associações para uma única manifestação nacional a taça será nossa.
ATÉ DIA 8 DE NOVEMBRO!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Contra o novo ECD, lutemos unidos!

O meu desagrado, a minha revolta, a minha resistência, a minha intolerância face ao actual modelo de Avaliação de Desempenho têm vindo a reforçar-se a uma velocidade equivalente à da luz.
Horas e horas desperdiçadas à volta de papelada que nada contribui para o processo de ensino - aprendizagem dos alunos. Horas roubadas. Horas gastas em prol de um capricho e de uma teimosia que não é nossa, que não é a minha, não é a dos ALUNOS, certamente.
Sou professora, já lá vão vinte e seis anos. Não sei precisar há quantos me sindicalizei, mas seguramente, pelo menos, há dezoito.
No desenrolar desta soma de anos tive o prazer de viver a chegada a bom porto de inúmeras reivindicações da classe docente, graças aos sindicatos.
Foi, também, graças a eles que UNIDOS juntámos CEM MIL... mas, foi também graças a eles, que ficámos aturdidos e repletos de incertezas quando tentámos vislumbrar uma eventual razão para "aquele entendimento".
Depois vieram as férias. Cansados e confusos procurámos acalmar os ânimos e aguardámos expectantes e intranquilos os efeitos "daquele manjar para nós cozinhado."
Regressados às aulas, digo AULAS, logo percebemos que fomos "impedidos de entrar nas salas de aula" com o mesmo empenho, a mesma motivação e a mesma paz de espírito que a nossa TAREFA requer, desde sempre. Impossibilitados de pensar PARA OS ALUNOS.
Um sopro do movimento cívico, depressa começou a levantar forte ventania, pronta a destronar "as injustiças, as incongruências, as discrepâncias...". Marca-se a data para uma forte tempestade que fará jus à dignidade dos professores deste país.
Os sindicatos, os mesmos que contribuíram para "aquele aperto de mão", lembram-se como por encanto, da luta que deixaram para trás e, ao invés de contribuírem para uma tempestade com maior dimensão, tentam mudar a direcção de alguns ventos e antecipam uma data.
Estou desiludida, confesso!
Lembraria a alguém que deseja veementemente a VITÓRIA DOS PROFESSORES, tal postura, que conduz inequivocamente à divisão? E não sabemos todos que essa divisão será do agrado e da conveniência do Ministério da Educação?
Doa a quem doer, é urgente um ENTENDIMENTO para uma MARCHA ÚNICA!
Por mim e porque estou convicta da minha posição face ao novo ECD, caso não seja possível uma marcha única, estarei presente nas duas "tempestades", dia 8 e dia 15. Não estamos em tempo de "guerras".
Professores e educadores (sindicalizados ou não) todos na mesma luta!

Até lá!


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Jazz AlémTejo

Para os amantes de bom JAZZ e de boa música, não perca Jazz AlémTejo 2008,
no auditório da Escola Secundária de Santo André, dias 30, 31 e 1 de Novembro.
Esta edição é toda cantada no feminino. Veja o programa no site WWW.quadricultura.net

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Abaixo a Avaliação de Desempenho!

Hoje quero gritar, tenho de gritar mais alto ainda, com todas as minhas forças:
-DESTA VEZ VAI SER DE VEZ! ABAIXO ESTE MALDITO MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO! DIA 15 DE NOVEMBRO TODOS "NA RUA"! CHEGA! BASTA DE TRABALHOS FORÇADOS! QUERO, QUEREMOS TER TEMPO PARA PENSAR NOS ALUNOS E PARA OS ALUNOS!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008


«Será a aparência física um reflexo do interior da pessoa ou é apenas uma ilusão de forma a publicitar o “eu”?»

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

8 de Março


Qualquer semelhança entre esta imagem e o conteúdo do post anterior é pura coincidência!

Marcha da indignação dos professores

Estive lá!
Eramos muitos, um imenso mar de gente.
Uma onda gigante crescia, alimentada pela convicção que cada um de nós transportava.
E com a onda crescia a minha vontade, a minha certeza, de que era ali o meu lugar, do lado de lá.
Juntos dobraríamos, sem tormentas, aquele cabo.

Depois...depois, como muitas vezes reza a história, fomos traídos.
Uma aliança, falsas promessas, enganosas esperanças...

Sem mantimentos um exército não sobrevive.
Do lado de cá, obrigada a trabalhos forçados, vou ajudando, revoltada e derrotada, a erguer a bandeira do inimigo.

Estive lá e lá teria voltado, se os reforços, como por encanto, não se tivessem eclipsado.

Um exército "descomandado" nunca alcança a vitória.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Vale a pena conhecer Orlan



"A função do artista é incomodar o olhar e questionar o pronto-a-pensar"

Orlan

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Confissão

Não, não resisto! Mesmo correndo o risco de me levarem a mal, não resisto em publicar um comentário ao último post, enviado por ALGUÉM para o meu e-mail:

...e eu sou pedaços do bem e do mal
da vida e de mim, pedaços
da terra e do mar, pedaços de TI!



(Desculpa-me a ousadia. Tinha de o partilhar porque o achei lindo demais para ficar só comigo.)

Pedaços meus

Sou pedaços de sol e pedaços de lua!


Sou um pedaço de hoje e um pedaço de ontem!



Sou pedaços da noite e pedaços do dia!


Sou pedaço da mágica e musical luz da noite!











sábado, 20 de setembro de 2008

A escola moderna? Olhe que não!

O título "A escola moderna", dá nome ao artigo de opinião, escrito pelo senhor Emídio Rangel e publicado no Correio da Manhã de sábado, dia 20 de Setembro de 2008.

Vale a pena ler! Aconselho vivamente! Porque, para quem "estiver dentro" da matéria exposta pelo senhor jornalista, vai ter oportunidade de se apoderar de um óptimo e exemplar recurso para o sinónimo de DEMAGOGIA PURA.

..." Não metas o bedelho onde não és chamada!" Refilava a minha avó sempre que eu, teimosamente, investia em opinar sobre realidades que me rodeavam, mas para as quais eu não tinha, ainda, olhado com olhos de ver.

...Mais tarde percebi que nunca foi intenção da minha avó cortar-me a palavra. Aquela era uma forma de me incentivar a que me fizesse ouvir sempre. Mas, SEMPRE com conhecimento de causa!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Tempo para interregnos

Não, não! Infelizmente, não! A inexistência de posts de desabafos nos últimos dias aqui no blogue, não é fruto da inexistência de motivos, de ocorrências, de temas ou de assuntos dignos do meu registo.

Sim, sim! Infelizmente, sim! A inexistência de interregnos nos últimos dias, é fruto dos motivos, das ocorrências, dos temas ou dos assuntos - alguns pouco meritórios da disponibilidade que lhes presto - que me ROUBAM O TEMPO!

Os desabafos, ESSES, rolam e atropelam-se, ecoando, algures, dentro de mim.

Os interregnos, CONVENCIDOS QUE O SEU MOMENTO CHEGOU, aguardam vez em lista de espera.

Helloooooo!! Algum professor aí? Fiz-me entender?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Início do ano lectivo

Pois é! Desde que sou professora, e já lá vão uns belos anitos, não tenho memória de igual desmotivação sentida perante o arranque do ano lectivo. Náuseas! TANTA PAPELADA! TANTA BUROCRACIA! TANTA...
Ai que saudades do tempo em que tínhamos tempo para pensar EXCLUSIVAMENTE nos alunos. Pensar com eles e para eles.
Receio que, qualquer dia, acordemos desprovidos do nosso maravilhoso poder de improviso, de imaginação e de criatividade-imprescindíveis na nossa prática lectiva-à conta de tanta "orientação" legislada e emanada por senhores e senhoras que talvez já nem se lembrem qual foi a última vez que pisaram o chão de uma sala de aula. Talvez já nem se lembrem que as realidades são diferentes de escola para escola, quanto mais de turma para turma.
Já avisei a família lá em casa. "Se um dia destes não me encontrarem, busquem debaixo de um eventual monte de papéis, posso estar em transe debaixo dele".

domingo, 17 de agosto de 2008

Quadro real 3

Quantas vezes assistimos a "quadros reais" que nos fazem rir perdidamente por dentro e que, ao longo da vida, vamos relatando com o propósito de engrossarmos momentos de boa disposição partilhados com amigos e conhecidos. Há, no entanto, outros que nos causam mal-estar e que mais tarde ou mais cedo utilizamos como pano de fundo para dasabafos de circunstância. Este que vou relatar presenciei-o num restaurante e é um exemplar que pertence à segunda categoria referida.
Dois casais a quem coube a sorte, a cada um deles, de trazerem ao mundo um filho homem, aguardavam em conversa animada a chegada do almoço. Os dois rapazitos teriam sensivelmente a mesma idade, seis ou sete anos, no máximo. Um deles, talvez afectado pela fome ou pela toma eventual de um comprimido para o enjôo (a perceber-se pelos sotaques vinham lá de "cima" e dirigiam-se para o Algarve) aparentava um ar um tanto ao quanto alheado, reproduzindo segundo a segundo o som de bocejos que se iam fazendo ouvir em crescendo. Num gesto mecânico levava paulatinamente as costas das mãos à sua face miúda para limpar as lágrimas insistentes e apoiava a cabecita no espaldar da cadeira.O outro menino, anafadinho, redondinho, rechonchudinho, dotado de uma genica imensa, ao mesmo tempo que interpelava a mãezinha quanto à chegada do manjar que anseava devorar (como depois verifiquei), manuseava freneticamente o telemóvel da mamã.
Chegadas à mesa, as sopinhas dos meninos, foram carinhosamente colocadas à frente de cada um deles.
Bem, a história da primeira criança referida acaba aqui, uma vez que, desde o momento em que segurou a colher de sopa até eu me ter ausentado do restaurante, nada revelou de anormal e digno de desabafos meus.
O mesmo não posso dizer da outra "pestinha", que RECUSANDO-SE a largar o telemóvel, condescendeu de imediato, de boca completamente aberta, à introdução das sucessivas colheradas de sopa que a mãe confrangida, digo eu, lhe ia derramando goelas abaixo. Assim, não se chateou o menino, não se chatearam nem a mamã nem o papá, não se gerou um mau ambiente na mesa e, melhor ainda, não se chamou a atenção dos restantes clientes do restaurante. Resumindo, foi a solução mais "cómoda" para todos, esta que a senhora encontrou.
Pelo ar satisfeito e radiante emanado da face deste petiz, era fácil percepcionar que a sua felicidade era fruto do gozo disfrutado tanto pela sopinha que deglutia assim como pelos pontos que ia acumulando em cada jogo que terminava.
Ainda as travessas transportadas pelo empregado iam a caminho da mesa dos veraneantes em causa, e já o "piqueno", habituado a farejar carne e batatas fritas à distância, largava o telemóvel num lance automático, para bem longe, indiferente a possíveis estragos. Compôs-se, puxando a cadeira o mais à frente possível, como que a marcar território.
Nada impaciente com o tempo que a progenitora ocupava durante a manobra de dissecação da preza de carne que lhe seria destinada, ao mesmo tempo que focava um olhar atento a essa operação, ia atafulhando a matraca com colheradas de arroz .
Depois... depois foi um ver se te avias. Não contente com o monte de batatas no seu prato, ia espetando ora essas, ora as residentes na travessa ao centro da mesa.
Os olhares repreensivos que a outra presença feminina do grupo lançava ao petiz, às escondidas dos queridos papás, numa tentativa de pôr termo àquela vergonhosa conduta, não contribuíram, nem um pouco, para que ele alterasse aquela manifesta e intolerante falta de educação e de saber estar.
Claro, cara amiga! como é que aquele pequeno ser poderia perceber algo que, talvez, nunca lhe tenha sido ensinado ou corrigido! Ou foi, e a burra sou eu?
Quem merecia o tal puxãozinho de orelhas que tantas vezes recomendamos como panaceia para a cura destes "males", dos quais padecem cada vez mais criancinhas, eram os PAIZINHOS do menino. Porque afinal, bem vistas as coisas, ele para além de inocente é vítima, ainda por cima.
E os professores que se encarreguem de fazer dele um "bom" adulto?

sábado, 9 de agosto de 2008

Escrita surrealista?

Hoje as palavras vão fluir. Vão flutuar e nadar, sem rumo, ao sabor das ondas da fantasia. Sem colaboração do racional.
Palavras de cores variadas vão misturar-se em diferentes proporções, determinar palavreado. Uma aqui mais outra acolá edificarão frases de diferentes coloridos. Pinceladas ao acaso em tela branca vão produzir diferentes brilhos, diferentes intensidades. Acidentalmente, contrastes e harmonias suceder-se-ão numa tensão possivelmente lastimosa.
Se houver "volta a dar", uns retoques, uns arabescos, armados em figuras de estilo, farão quase acreditar numa intencional mutação. A ilusória satisfação remeterá para a persistência e perseverança. Até um dia! Quem sabe, longínquo ou não?
Se "a volta" não for vislumbrada, dar-se-á uso à borracha. A gaveta que lhe serve de abrigo apresentar-se-á, como sempre, uma alternativa. Disponível e servil, continuará a aquiescer com o amontoado de segredos e lapsos.
Permanecerá entreaberta, até que um dia tropecemos nela.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sócrates e a educação

Computadores de última geração pensados para as crianças, resistentes ao choque e à água, começarão a ser distribuídos aos alunos do 1º ciclo até à abertura deste ano lectivo. Diz, José Sócrates, que com esta medida quer melhorar a educação. Não ponho, aqui, em causa a funcionalidade desta medida - isso seria uma outra discussão. No entanto, faço questão de lamentar que o primeiro ministro deste país, lançado nesta "inédita" aventura, não tenha como prioridades: elevar as condições de vida de milhares dessas crianças, não resistentes a carências alimentares; equipar com material adequado escolas espalhadas por este rectângulo de terra fora, não resistentes ao frio e ao calor. A melhoria da educação também tem de passar por aqui!
E, porque não tenho respeito pela ironia (que outra coisa lhe poderei chamar?) de Sócrates, terei de lhe responder na mesma moeda: Anexe aos portáteis uns kits de luvas quentinhas, não vão as crianças deixar de teclar à conta dos dedos retesados pelos frios da invernia! Já lhes basta o esforço dispendido para agarrarem no lápis e fazê-lo circular ao longo das linhas dos cadernos, que espero, não venham a ser substituídos pelo magalhães (nome de baptismo dos ditos portáteis).
As crianças agradecem-lhe o "brinquedo novo", com toda a certeza. Mas, mais certeza tenho ainda, que relativamente às prioridades acima referidas ficar-lhe-iam eternamente gratas. Pelo menos as "vítimas".

Até que são bem engraçados os magalhãezinhos! O que é que acham?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Coisas de revistas femininas!

Sempre gostei de quando em vez, dar-me ao "luxo" de tomar o pequeno-almoço fora de casa, de preferência numa esplanada acolhedora, seja Inverno, seja Verão. Esta é uma das formas que utilizo para aquietar a mente quando atacada por eventuais pesadelos nocturnos ou para pôr em ordem e instalar ideias e projectos para o dia.
Hoje, resolvi presentear-me bem cedinho com um desses pequenos almoços, acompanhada por uma daquelas revistas femininas que nos "oferecem" umas toalhitas de praia, uns saquitos, uns chinelitos, etc, etc. Para a leveza de espírito que pretendia criar, nada melhor - não fosse o livro que estou a ler, de conteúdo pesado, e não precisaria de o ter substituído pela dita, que me alienou a adquirir uma toalha de praia de marca - dizem eles.
Instalada, acomodada e tranquila, avancei com o pedido do manjar.
Passada uma página e outra e outra e, ainda, mais outra, todas elas repletas de publicidade, lá surgia algo para ler. Um artigo fornecia às carissímas leitoras em férias, uns conselhos a porem em prática, uma vez que "estão livres de obrigações e horários" - LIVRES DE OBRIGAÇÕES E HORÁRIOS? Será que o artigo é dirigido UNICAMENTE às leitoras, e felizmente para elas, que têm possibilidades monetárias de pagar a amas que lhes tratem dos filhos, a empregadas que lhes limpem a casa, a cozinheiras que lhes confeccionem as refeições, enquanto usufruem dos dias de férias? Também é verdade este artigo não vai ser lido por muitas e muitas mulheres, as tais que fazem parte da categoria que não tem tempo, que não tem dinheiro, ou que não aprendeu a ler. Se calhar a autora do artigo teve a "perspicácia" de levar estes injustos e reais factores em linha de conta. Teria?
A seguir, num vasto leque de dicas, é sugerido às mulheres em férias que para um melhor usufruto das mesmas devem desligar os telemóveis. Será que alguém acredita mesmo que, arreigados e condicionados como estamos a este acessório no nosso quotidiano, temos livre arbítrio para tal?
Enquanto trincava a torrada barrada só de um lado com pouca manteiga e bebericava o abatanado sem pitada de acúcar, cheguei à última sugestão que defendia a liberdade que todas as mulheres devem ter, pelo menos em férias, para comerem um gelado "daqueles enormes cheios de chocalate e de natas", sempre que lhes apetecer. A insatisfação sentida pelo amargo do café contribuíu para que sorrisse e concordasse totalmente com a mensagem final:" não vem nenhum mal ao mundo se durante uns dias esquecer a dieta e cometer alguns pecados calóricos".
Não fossem as muitas páginas de publicidade que se seguiram até ao final da revista, com voluptuosas mulheres, de olhares convictos, vendendo as frases que alguém lhes "meteu na boca":...emagrecimento psico-emocional;...reduza a celulite;...ainda vai a tempo de modelar o seu corpo;...sabe bem ver a minha silhueta;...emagrecimento fantástico - e o meu sorriso não teria virado lânguido.

FÉRIAS FELIZES!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Por favor, BASTA!

Todos nos regozijamos com a "capacidade que o ser humano tem de se surpreender" e, valha-nos esta particularidade. Pena é, que essa capacidade, repetidissímas vezes seja canalizada, desperdiçada e desaproveitada com assuntos fúteis e desprovidos de conteúdo, que contribuem para nada vezes nada.
Pensarão os responsáveis de alguma comunicação social do nosso país, que o povo português anda surpreendido com os os beijos e as quecas do Ronaldo e de uma tal de Nereida?
Por favor, basta! O miolo das "amêndoas" que os senhores acreditam ser chupadas já amarga, há muito!
Ou será, apenas, que essa mesma comunicação social, em prol de algo que lhes diz respeito, continua a acreditar ou a iludir-se que o povo português não quer crescer culturalmente?
Eu, cá por mim, estou cheia de pena e raladissíma com o coitadinho do Ronaldo. E as praias, e o sol, e a areia, e as festas...e as namoradas do rapaz...QUE VIDA!!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

"A sala magenta"

À minha lista de escritores de eleição, acrescentei, em início de férias, um nome: Mário de Carvalho.
"A sala Magenta" é o título do seu livro que acabei de ler. Independentemente da pertinência ou não do argumento deste livro, cabe-me, aqui, relevar:
- A perícia do escritor, quanto à forma cativante e aliciante, como nos conduz ao longo de todo o desenrolar da acção.
- A caracterização física, psicológica e social das personagens, é "pincelada com tal verdade"que é quase impossível não termos iguaizinhas ou parecidinhas no nosso percurso vida.
- A riqueza vocabular e a adjectivação muito rica e variada, mobilizadas na expressividade da mensagem.
Mário de Carvalho escreve com um estilo a não perder!
No blogue do Horácio, "Um dia a dia português"(ver :A minha lista de Blogues) podem ler mais sobre Mário de Carvalho e sobre outra das suas obras: Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina.
Para os amantes da leitura, e para os que não são, é obrigatório visitar o blogue referido(sim, isso mesmo, do vosso lado direito, umpouco mais abaixo,vá cliquem!)
Boas leituras

terça-feira, 22 de julho de 2008

Cada um é como cada qual

Sempre foi apanágio meu dizer que funciono na base de uma organização desorganizada.
Hoje tive a real percepção deste facto, quando resolvi a muito custo, proceder à arrumação da imensa papelada espalhada por tudo o que é divisão da casa - salve-se o quarto e a casa de banho.
Amontoei-a numa exorbitante resma, arregassei as mangas - que por acaso não possuía - e lancei mãos à empreitada. Paulatinamente, folha a folha, fui rasgando aqui e acoli, criando uma pilha com as que me suscitavam dúvidas relativamente a uma eventual futura consulta, mais outra com aquelas que necessária e infelizmente vou ter de "mexer" no início do ano lectivo e uma última com aquelas que nunca se enquadram em nenhuma das pilhas nomeadas, nem nas destinas ao papelão -esta é outra das manias.
À medida que a tarefa decorria, fui-me orgulhando de ter vencido a inércia que vinha arrastando, quanto à decisão de levar a bom porto este processo de organização e limpeza.
Pronto! As últimas três folhas agrafadas voaram rumo ao papel rasgado para a reciclagem. Linda menina! Agora só faltava acomodar cada grupo airosamente organizado, nos velhos dossiês arrumados no armário, desde sempre, reservados a esta costumeira tarefa de final de ano lectivo. Assim, toca de os retirar da prateleira para ultimar o empreendimento.
Impossível!! Os ditos estavam mais do que atafulhados e não havia lugar a mais arquivo.
Então, levei a braços a iniciativa de tentar esvaziar cada um deles, rebuscando material caduco e desactualizado. A organização desorganizada impunha-se e desafiava-me a olhos vistos.
Dei-me conta que a ausência dos separadores, imprescindíveis para organizar o que, então, tinha organizado, faziam, apenas, parte da minha intenção desde a primeira hora em que os ditos dossiês foram improvisados - e já lá vão uns largos anitos.
A fatídica dor na cervical alimentou a impaciência que se apoderou da minha pessoa e fez cair por terra a ilusão de que seria desta vez que conseguiria pôr mão à velha desorganização da organização.
E, porque o passado é passado, os antigos dossiês voltaram, tal como estavam, ao seu local de origem. Outros quatro foram adquiridos.
Lá diz o velho ditado:" Cada um é como cada qual".
Agora, assim de repente, a propósito de dossiês, lembrei-me de portefólio. Ai, o que por aí vem! Acuda-nos a Virgem Santa! Será que não há por aí, algures, uma santa padroeira dos profs?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Quadro real 2

Um ruído electrónico fez-se ouvir cada vez mais forte, até ter sido substituído por uma voz de mulher com entoação grave «Que bom ouvi-la! Não me diga! Tem a certeza? Mas isso é óptimo!...Até logo.». Atirou o saco de marca em direcção às havaianas douradas que tinha encostado a um dos pés da espreguiçadeira e instalou-se pronta a receber as dádivas do sol. O verniz das unhas dos pés e das mãos, em tom de rosa vivo, contrastava com o bronzeado laranja acenourado da sua pele lisa e reluzente. Do saco onde arrumou o telemóvel, retirou um óleo que exalava um perfume a verão e, demonstrando um vivo prazer, deu início ao ritual de hidratacção e protecção. Novamente o toque do telemóvel mas, desta vez, ao ter verificado a origem da chamada fê-lo regressar num ápice ao lugar de onde o tinha retirado. «Chato!» susurrou para si mesma, abrindo uma revista.
Assustou-se com o beijo leve e inesperado do homem que trajava calções brancos e pólo azul escuro. «Então, desistiu do jogo de ténis?» perguntou num tom vagamente desdenhoso. O adversário, devido a um problema de última hora na fábrica, ter-se-ia deslocado ao Porto, pelo que a partida teria ficado adiada para o dia seguinte.
« Não trouxe o seu telemóvel? Liguei-lhe há minutos atrás». Talvez tivesse tocado, sem querer, na tecla do silencioso, respondeu ela com uma visível despreocupação, mas verificaria isso depois.
« A Carlota e o Dinis ficaram na piscina com a senhora Conceição. Está com dores de cabeça, coitada. Mas, que posso eu fazer se as crianças se sentem tão bem com ela? ». Se ao menos tivesse adivinhado que o querido papá acabaria por vir à praia teria insistido para que a acompanhassem.
Ele já estava habituado a concordar sempre com as opiniões da esposa, mesmo que fossem provocatórias e preferia não lhe fazer frente.
À noite esperava-os mais um jantar no restaurante super in da temporada, assim publicitava a revista à qual ela voltava a fingir-se atenta.
Dedos entreabertos, passou a mão pelo cabelo que lhe pendia para o lado direito da testa, arrastou-o para trás, contraiu o músculo abdominal e convicto de que seria alvo de olhares femininos, atentos e atiradiços, avançou para a beira do mar num desejo louco de refrescar as ideias.
"RICAS FÉRIAS!"

domingo, 20 de julho de 2008

Quadro real

«A água tá munta boa, tá tipo morna!» berrava um dos adolescentes, num estado de euforia histérica.
O grupo de familiares com que se fazia acompanhar estudava entusiasticamente a melhor formar de montar todo o arsenal que transportava, com vista ao merecido conforto, depois dos quilómetros percorridos desde os confins do Alentejo interior.
«Aqui os moços banhõ-se à vontade e nã ficom com os bêços roxos» esclarecia a suposta progenitora do rapazito, demonstrando um intencional ar de habituée. «No ano passado a Marie nem à hora do almoço queria largar a água. Vão ver o que é que é bom!» continuou, como que a dar por compensadoras as horas consumidas, na noite da véspera, na preparação do carrego que, entretanto, se mantinha espalhado numa perfeita confusão.
Num ápice e de uma forma inaudita era vê-la a distribuir pelas mulheres do grupo os guarda-sóis, habituados a estas andanças - a ver pelas suas cores desbotadas -, e em simultâneo, os lençóis gastos e amarelados, que depois de estratégicamente colocados transformariam aqueles metros quadrados num autêntico condomínio fechado.
Eles, os homens do grupo, com um ar de quem já cumpriu a tarefa diária - afinal, conduzir tantos quilómetros após uma noite de petiscada com os amigos que, ainda por cima, não tinham tido coragem de abandonar mais cedo porque homem que se preze não diz não às abaladiças - largaram as roupas despidas - alguém havia de as arrumar - e caminharam rumo à beira-mar. Contemplando a "paisagem" com atrevidos olhares de soslaio e sorrisos cúmplices, massajavam, à laia de tique, as proeminentes barrigas com movimentos giratórios numa sábia preparação para o consumo dos farnéis meticulosamente preparados pelas marias deles.
«Elas é que percebem daquilo, já têm a tenda armada» concordavam entre todos.
O arroto que se fez ouvir, emanado com uma descontracção natural após o banho tomado e uma, suposta, digestão inacabada, misturou-se nas gargalhadas que anteviam os pastéis de bacalhau e as "mines" servidas por uma das mulheres que acabava, precisamente, de colocar a última geleira no cantinho que lhe havia sido reservado.
As outras barafustavam com os moços na tentativa de conseguirem besuntá-los de creme protector. «Que cancêra!» desabafaram.
Ora bolas, isto de "levar a peito"o papel de esposa e mãe tem que se lhe diga!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Algures no Alentejo

Amante fiel da natureza arquitectas cenários
que ajudam a iluminar paisagens sombrias no teu caminho.
Buscas, insaciável, o silêncio dos campos
e procuras, coerente, tranquila e intensamente
pontos dispersos, concentrados, alternados
em mariposas valsistas, errantes.
Linhas rectas, quebradas, onduladas
que talham subtilmente o horizonte.
Descobres planícies salpicadas de pintas amarelas, encarnadas
dialogando com papoilas, tulipas, flores de estêva.
Realças beleza em espinhos, cardos, cactos
transformando, compondo, decompondo.
Contemplas lagoas, rios e mares
cúmplice de céus mágicos, arco-irisados.
Fixas-te em mãos tostadas, engenhosas,
em rostos trigueiros, sulcados
de jardineiros autores de artes mágicas.

Querida amiga e colega se por aqui passares estas palavras continuam a ser-te dedicadas.

Finalmente férias

As condições acústicas daquela sala, de facto, não eram as melhores. Por isso, os décibeis daquelas vozes projectadas no ar em uníssuno, agudizavam cada vez mais o desconforto do tímpano. Este a muito custo e contrariado lá ia cumprindo a sua missão, permitindo áquele cérebro - prestes a dar a qualquer momento ordem para ausência - o recepcionamento das muitas ideias, críticas e sugestões emanadas pelos presentes...
-Férias! Férias! Finalmente férias! gritou, deixando-se afundar no sofá da sala ao mesmo tempo que, num gesto à muito esperado, lançava a mão ao livro estratégicamente colocado no canto da mesinha de apoio.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Tadinho do sr. Belmiro

O sr. Belmiro de Azevedo ontem tropeçou e caiu ao visitar um apartamento do complexo turístico do empreendimento Tróia Resort, da Sonae. Encontrava-se em trabalho! Procedia à inauguração daquele "espaçozito" a que qualquer comum cidadão terá oportunidade de usufruir sempre que lhe aprouver. Então, não era assim até agora?
Cá por mim ainda me lembro das primeiras férias a que tive direito de soltura, juntamente com a maninha e umas amigas nossas. Instalámo-nos, mais ou menos à força, em casa de um par de românticos recém casados, nos subúrbios de Setúbal e cá vai disto. Era ver-nos todos os dias, quais madrugadoras, correndo e resfolegando, a caminho do barco rumo a Tróia. Aquilo é que era praia (e fomeira também, mas isso é um pormenos de somenos importância). Bem, mas a praia era de todos e os barcos despejavam continuamente massa humana carregadinha de tachinhos com arroz, bifinhos a exalar a alho e umas bordas de pão que só de olhar metiam inveja - a nós, pelo menos, porque no saco que cada uma transportava para além da toalha, dos cigarritos, do creme nívea, do pente e do espelhinho constavam duas "sandias" de marmelada enroladas num guardanapo. Se calhar estou a exagerar um pouco porque ocorreu-me que ás vezes havia lugar a umas maçãs e umas uvitas.
Então, usufruiamos ou não de Tróia, sempre que nos aprouvesse?
De repente, veio-me à memória uma maldade. Teria sido castigo de Deus aquela queda? Ainda bem que o senhor não ficou maltratado.
Já agora uma informação relevante para quem pensar em ir visitar o sítio em causa. Na semana passada o preço do bilhete do barco para o transporte dos passageiros (pessoas e carros)"para a outra margem" aumentou para mais do dobro. E esta?
Bom passeio!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Este post é dedicado ao Zébento que comentou o anterior. Bem vindo!

Não é alentejano quem quer.
Ser alentejano não é um dote, é um dom.
Não se nasce alentejano, é-se alentejano.

(Não sei quem é o autor mas subscrevo inteiramente)
Como professora e como mãe, causa-me muito desconforto interior e indignação, verificar que estamos a assistir a uma redução significativa do número de alunos que necessitam das medidas de apoio da Educação Especial. Por outras palavras: são muitos, muitos os alunos que vão deixar de usufruir do apoio adequado, que devem ter e não terão, a que têm direito e deixaram de o ter. E isto porquê? Devido à introdução da nova medida que se prende com a utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, mais conhecida por CIF, para a elegibilidade de Necessidades Educativas Especiais.
Causa-me espanto a facilidade com que, assim tão de repente, foram esquecidas as "necessidades individuais especificas de cada aluno" em prol das necessidades de saúde.
ACEITO ESCLARECIMENTOS de todos aqueles que percepcionarem uma visão pouco correcta da minha parte relativamente à questão apresentada.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Isto de "brincar" ao blogues tem que se lhe diga. Hoje, por exemplo, é daqueles dias que escrevo sem dizer nada, porque o cansaço é tanto que me limito a dedilhar no teclado ao sabor do vazio mental. A verdade, é que me apeteceu passar por aqui na expectativa de vislumbrar algum leitor ocasional que se tivesse dignado a fazer um comentáriozito aos meus posts. Nada vezes nada! Vá lá, não haverá uma alma caridosa que colabore aqui na brincadeira? Nem tu, seu insano parcial?

sábado, 12 de julho de 2008

No final do ano lectivo resta-me alguma esperança que o "Memorando de Entendimento" que o Ministério da Educação " foi obrigado" a subscrever com as organizações sindicais não faça cair em saco roto a determinação manifestada pela classe docente, na luta contra tudo o que o Estatuto da Carreira Docente tem de maléfico.
É, pois, muito importante que aproveitemos as férias que aí estão à porta ( sim, porque ao contrário do que as más linguas dizem, nós professores e educadores, ainda estamos a trabalhar) para o merecido descanso. Mas, não é menos importante que as aproveitemos também para fortalecermos os nossos queridos neurónios, para no inicio do ano lectivo voltarmos à luta, que estes mesmos neurónios merecem, por uma questão de respeito próprio(digo eu).
A todos aqueles que, apressadamente, "se empenharam" na observação de aulas, a todos os que aprovaram grelhas de avaliação de extrema complexidade, aconselho que dialoguem com o rei sol por essas praias fora, talvez ele vos ilumine e clarifique a alma.
Boas férias!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Há os insanos totais e há os insanos parciais. Relativamente aos primeiros que me lembre assim de repente não guardo nenhum na memória digno de ser relembrado. Mas, inseridos nos segundos conheço uns exemplares. Destes, há uma peça de rarissima qualidade, que guardo em grande estima.
A vontade de criar este blog nasceu e cresceu da partilha de uma saudável insanidade-parcial mútua.
Nos meus interregnos ou interrupções ou como lhe queiram chamar vou tentar passar por aqui, se entretanto não me faltar a paciência, para libertar aos poucos alguns amargos de boca, vomitar uns sapos mal digeridos e quem sabe escrever sem dizer nada (é frequente).